A doença causada pelo novo coronavírus está causando pânico no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Em um mês, os casos confirmados de COVID-19 no país chegaram a 2.554, com 59 mortes registradas. O crescimento constante dessas marcas no cenário global acabou alertando a população e acendeu a discussão acerca dos tratamentos contra o SARS-CoV-2.
Diante disso, pesquisadores de muitos países estão na corrida para desenvolver uma vacina e encontrar medicações eficazes e seguras para combater o novo coronavírus. Mesmo sem qualquer definição, algumas nações passaram a utilizar certos medicamentos que parecem ajudar nos quadros da nova doença.
Em território nacional, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso de hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina para pacientes com COVID-19 em estado grave. Entretanto, essa indicação provocou um aumento das vendas do medicamento nas farmácias por aqueles que querem se precaver contra a doença.
O problema é que muitos desses medicamentos já são utilizados por pacientes que sofrem com algumas doenças, como é o caso da hidroxicloroquina, que é usada para tratamento de artrite reumatoide, malária e lúpus. Ou seja, a corrida desnecessário pelo remédio pode estar prejudicando quem realmente precisa. Entenda:
Remédio não previne a infecção
O cardiologista Hélio Castello alerta que fazer estocagem de remédio por precaução "não faz o menor sentido". Se uma pessoa é infectada e apresenta um quadro leve, a recomendação é que ela faça um tratamento sintomático, com remédios que tiram a febre e possíveis dores.
O médico ainda alerta que fazer automedicação com cloroquina, hidroxicloroquina ou qualquer outro medicamento para prevenir ou tratar o novo coronavírus é perigoso, pois o remédio está sendo estudado ainda e pode causar efeitos colaterais sérios.
Nos Estados Unidos, após assistir a uma declaração de Trump sobre a eficácia da cloroquina contra a COVID-19, um casal tentou se automedicar com uma versão não medicamentosa do fosfato de cloroquina - usada para limpar aquários. Ambos passaram mal e o homem de 68 anos acabou falecendo.
O tratamento com a hidroxicloroquina pode provocar reações adversas, como alterações cardíacas, arritmia, náuseas, vômitos e erupções cutâneas. Seu uso prolongado pode provocar até cegueira. Por isso, nunca se automedique e sempre siga as orientações médicas.
No Brasil, a utilização da hidroxicloroquina está sendo feita como "última escolha", segundo Hélio Castello. "Nós estamos usando eventualmente para pacientes muito graves na UTI", explica. E mesmo assim, é preciso de consentimento do paciente e dos familiares.
As melhores formas de prevenção contra o novo coronavírus incluem o distanciamento social e ações de higiene pessoal, como:
Lavar as mãos com água e sabão frequentemente
Higienizar as mãos sempre que possível com álcool em gel
Mesmo com as mãos limpas, evitar tocar olhos, nariz e boca
Utilizar lenço descartável para higiene nasal
Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir
Higienizar as mãos após tossir ou espirrar
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas
Manter os ambientes bem ventilados
Limpar regularmente o ambiente e superfícies comuns, como móveis, maçanetas e corrimão.
Anvisa proíbe compra sem receita
Após aprovar o uso da hidroxicloroquina em pacientes em estado grave de COVID-19, a Anvisa enquadrou a medicação como remédio de controle especial. Ou seja, a partir de agora, a compra da substância só poderá ser feita com retenção da receita pela farmácia.
A agência não recomenda sua utilização em pacientes infectados ou como forma de prevenção. Tal medida foi imposta a fim de evitar que a população se automedique e estoque o produto sem necessidade.
Falta de medicamentos
No Facebook, uma internauta brasileira que sofre de lúpus postou na rede que a medicação Reuquinol (hidroxicloroquina) estava em falta em todas as farmácias de Porto Alegre em que ela havia procurado.
Por isso, o cardiologista alerta que o abastecimento sem necessidade deste medicamento pode afetar quem mais precisa, como pacientes com doenças reumáticas e lúpus. "Pacientes estão ficando sem o remédio e dependem disso para sobreviver", complementa.
Estocagem de outros remédios
Para evitar o uso indiscriminado das drogas em questão, o urologista Flávio Iizuka recomenda que as pessoas tenham em casa remédios indicados para dores no corpo, febre e antigripais, pois o estoque destes tipos de medicamento nas farmácias é muito alto.
Tal recomendação se deve ao fato de que 80% dos infectados pelo vírus devem apresentar um caso leve ou até mesmo serem assintomáticos, com sintomas semelhantes à gripe.
"Vinte por cento dos infectados terão uma forma mais grave, necessitando hospitalização que deve ser recomendada a todos que tem sintomas de maior gravidade, como falta de ar. Dor muito forte no peito ou dor abdominal muito intensa e febre são outros sintomas de alerta, que também são motivos de ir para o hospital", complementa o médico.
Por outro lado, a estocagem de remédios pode ser importante para pacientes com doenças crônicas e que fazem uso de medicações de uso contínuo - caso de quem sofre com hipertensão, diabetes, arritmias, distúrbios psiquiátricas e doença autoimune. A recomendação de Iizuka é que a pessoa mantenha um bom estoque de sua medicação para, pelo menos, três meses.
O cardiologista Hélio Castello acrescenta ainda que fazer estocagem de qualquer outro medicamento sem necessidade também não é o mais indicado, pois o remédio pode vencer e perder sua efetividade. Portanto, o ideal é seguir a recomendação dos especialistas e só fazer uso das drogas previamente indicadas.
Fonte: minha vida
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