Veja benefícios do consumo de glúten para quem não tem doença celíaca ou intolerância e conheça os sintomas desses problemas
Presente em produtos à base de trigo, cevada, centeio e malte, como massas, pães, bolos, biscoitos e cerveja, o glúten costuma ser apontado como o vilão da dieta. Com isso, muitas pessoas optam por refeições livres do composto, chamadas de "glúten free". Mas os principais motivo que deveriam levam à exclusão dessa proteína do cardápio são a intolerância ou a doença celíaca. A nutricionista Cristina Zinelli, membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF), conta que o glúten não faz mal ao organismo das pessoas que não têm doença celíaca ou intolerância ao composto.
– O glúten faz mal apenas para celíacos e pessoas com intolerância. É claro que podemos reduzir o glúten na alimentação, mas não é preciso retirar da dieta, basta escolher boas fontes – afirma. – As pessoas acreditam que eliminar o glúten da dieta emagrece porque os alimentos que contém o composto são todos refinados, ultraprocessados e cheios de calorias vazias. Se o indivíduo retirar pão, massas e biscoitos da alimentação, e trocar por comida mais saudável, consequentemente irá perder peso. Mas apenas tirar o glúten e continuar comendo mal não emagrece.
O principais benefícios do glúten são fornecidos por alimentos integrais, considerados ótimas fontes de carboidrato complexo
Segundo o estudo inédito Consumer Insights, elaborado pela multinacional Schär, mais de 70% dos brasileiros que aderiram à dieta glúten free o fizeram por necessidade: pelo menos 40% dos entrevistados se declararam celíacos, enquanto outros 33% manifestaram sensibilidade ao composto. No entanto, ainda há uma parcela que exclui a proteína da alimentação mesmo sem ser intolerante ou alérgica, abrindo mão dos seus benefícios. O mercado de produtos sem glúten deve crescer 30% até 2020, segundo a consultoria internacional Euromonitor. Embora a população celíaca possa representar boa parte dessa porcentagem, outras pessoas adotam a dieta pela moda ou para emagrecer. Estudos alertam que excluir o glúten do cardápio não é indicado para não celíacos. De acordo com uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Harvard, nos EUA, o risco de incidência de diabetes tipo 2 é 13% menor em indivíduos que não eliminam a proteína da alimentação.
– Com o modismo da dieta sem glúten, as pessoas criaram a falsa ideia de que sem glúten é sinônimo de saudável. Mas essa dieta não deve ser adotada por modismos ou para emagrecer. Os indivíduos podem comer alimentos fonte de glúten, desde que em proporções adequadas dentro de um plano nutricional individualizado. O ideal é sempre dar preferência para versões integrais, que têm mais fibras e são menos processadas, ou vegetais como os tubérculos – ressalta a gastroenterologista Lívia Guimarães. Benefícios O glúten está presente em alimentos considerados calóricos, como pães e massas
De acordo com Cristina Zinelli, o principal benefício do glúten está em alimentos integrais, considerados ótimas fontes de carboidrato complexo, que a nutricionista classifica como essencial para qualquer dieta balanceada. Já em relação aos malefícios, a proteína não costuma ser prejudicial à saúde, desde que a pessoa não seja portadora da doença celíaca ou tenha intolerância ao composto.
– Os malefícios seriam mais visíveis em pessoa com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten não celíaca, pois traria um quadro de atrofia das vilosidades intestinais – explica.
Benefícios:
É fonte de carboidratos e, portanto, de energia. O consumo de carboidratos é fundamental para todo mundo, mas tem um papel especial para quem pratica atividade física;
O trigo integral e o gérmen de trigo, ricos em glúten, são também duas fontes de proteínas, especialmente de nove aminoácidos essenciais, responsáveis pela "construção" dos tecidos e músculos e pelo crescimento;
Controle da glicemia - tanto que o risco de incidência de diabetes tipo 2 é 13% menor em indivíduos que não eliminam a proteína da alimentação;
Regula os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue;
Fortalecimento do sistema imunológico através de seus aminoácidos esseciais;
Melhora da flora intestinal - aqui no caso de consumo de fontes integrais, ricas em fibras;
Ajuda no aumento da absorção de vitaminas e minerais.
Doença celíaca e intolerância a glúten
A doença celíaca atinge o intestino delgado e atrofia as vilosidades intestinais — Foto: Getty Images
A doença celíaca (DC) é uma enfermidade imunológica, causada pela exposição ao glúten. A patologia acomete de 0,5% a 1% da população mundial, mas afeta 2 milhões de brasileiros, conforme dados da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra). A gastroenterologista Lívia Guimarães alerta que, embora o número de celíacos seja expressivo no país, existe uma alta parcela de portadores sem diagnóstico.
– A doença se desenvolve em indivíduos com predisposição genética, e afeta principalmente o intestino delgado, causando inflamação e destruição das vilosidades intestinais, o que leva ao prejuízo da função de absorção de nutrientes. Ainda é pouco diagnosticada no Brasil e a maioria dos portadores permanece sem diagnóstico – declara ela.
Destruição das vilosidades intestinais;
Prejuízo à absorção de nutrientes;
Aumento do risco de câncer e linfoma;
Danos ao cérebro, sistema nervoso, ossos, fígado e outros órgãos.
A sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC) gera sintomas parecidos com o da doença celíaca, já que também é desencadeada pelo consumo de glúten, mas sem o processo inflamatório. Segundo Guimarães, essa intolerância tem prevalência estimada em 6% da população do mundo.
– No caso da sensibilidade, não há o processo inflamatório observado na doença celíaca, portanto não há destruição das vilosidades intestinais e prejuízo à absorção de nutrientes, ou risco de neoplasias e de linfoma – explica. Sintomas A doença celíaca pode ser identificada através de exames laboratoriais, como endoscopia com biópsias de duodeno, e também pela dosagem de anticorpos relacionados à enfermidade (antitransglutaminase, antiendomísio e antigliadina), de acordo com a gastroenterologista Lívia Guimarães.
No caso de sensibilidade ao glúten, não é possível realizar exames específicos e, por isso, o problema costuma ser reconhecido por meio de um diagnóstico de exclusão, com a eliminação da doença celíaca e da alergia ao trigo.
Veja abaixo os principais sintomas da doença celíaca e da sensibilidade ao glúten:
Doença celíaca
Diarreia
Gordura nas fezes
Dor
Distensão abdominal
Gases
Atraso no crescimento
Perda de peso
Anemia
Distúrbios neurológicos
Fraqueza dos ossos (osteopenia ou osteoporose)
Sensibilidade ao glúten não celíaca
Distensão e dor abdominal
Diarreia
Constipação
Dor de estômago
Náuseas
Refluxo
Aftas orais
Exemplos de farinhas glúten free: de amaranto, amêndoas, trigo sarraceno, arroz e grão-de-bico Substitutos do glúten Do ponto de vista nutricional, existem opções saudáveis que podem substituir os alimentos com glúten. A única ressalva é que, no caso de receitas, o resultado não é o mesmo sem a farinha de trigo, segundo a gastroenterologista Lívia Guimarães.
– Para as receitas, nenhuma farinha substitui a de trigo com o mesmo resultado em relação à textura, elasticidade e estrutura. Ainda assim, existem diversas receitas com misturas entre farinhas que levam a resultados semelhantes e saborosos – alega.
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Confira os substitutos mais saudáveis do glúten:
Arroz (farinha de arroz e creme de arroz)
Milho (fubá e maisena)
Quinoa
Amaranto
Trigo sarraceno
Aveia sem glúten
Farinha de teff
Painço
Tubérculos (batata, batata-doce, aipim, inhame, cará, polvilho (doce e azedo), goma de tapioca, fécula de batata, sagu e araruta)
Leguminosas (feijão, ervilha, grão-de bico e lentilha)
Fonte: globo esporte
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